Lobisomem
Segundo a crença popular, lobisomem é o último dos sete filhos homens de um casal. Para evitar a sina, é preciso que o irmão mais velho batize o mais moço. Dizem que aos treze anos, numa quinta-feira à noite, ele sai e, chegando a uma encruzilhada onde um jumento se esfregou na terra, seu fado começa. Sua presença, nas solitárias caminhadas noturnas, é pressentida pelos cães, que; latindo muito, o perseguem até desaparecer.
Ataca crianças, animais novos ou, na falta destes, a quem encontrar. No município de Cabo Frio, contam-se casos de aparição de lobisomem. No distrito de Arraial do Cabo existia até algum tempo atrás, um homem que, segundo dizem, herdou de seu pai a maldição. Tinha um aspecto grotesco, a cabeça parecia com um cachorro, a face inchada, os traços marcados, um vozeirão com que percorria as ruas do lugar à noite, gritando coisas sem nexo. Figura estranha, parecia às gentes do Arraial um personagem mítico, daí as inúmeras histórias a seu respeito. Terminou a vida assassinado barbaramente e sua morte parecer ter ligação com a imagem que seus conterrâneos faziam dele.
Correm muitas histórias sobre ele, o Chaco. Contam que, certa feita, um homem voltava da pescaria de madrugada, quando percebeu que estava sendo seguido por um lobisomem. Correndo, conseguiu chegar em casa e escondeu-se atrás da porta com um porrete na mão. Assim que o bicho entrou, o pescador trancou a porta e começou a surrá-lo com o pedaço de pau. No meio da surra, a figura gritou:
— "Não me mate, sou Chaco". O pescador, espantado, largou o porrete e o bicho fugiu. No dia seguinte, Chaco foi visto todo machucado da surra que tinha levado.
Noutra ocasião, Chaco se aproximou de um pescador que pescava nas pedras. Chegou e ficou atrás, apreciando. O pescador puxava o peixe e jogava para trás. No fim de algum tempo, ao olhar para trás, o homem se espantou por não encontrar mais ali nem o Chaco nem os peixes que apanhara. Depois de algum tempo, Chaco reapareceu com um olhar estranho e a boca toda ensanguentada.
Numa noite enluarada de quinta-feira, Chaco saiu para pescar numa canoa com outros homens. No meio da madrugada, o grupo resolveu descer numa ilha para comer. Estavam todos conversando quando deram por falta dele. De repente, vindo de trás de uma duna, surgiu Chaco, transformado em lobisomem, muitos pêlos cobrindo seu rosto, as mãos fechadas em garras. Todos se apavoraram, mas um deles gritou, ordenando que o lobisomem volta- se para as dunas para se desencantar e que retornasse com a cara de gente. O bicho titubeou, mas acabou obedecendo. Voltou para as dunas e quando reapareceu, para alívio geral, tinha a cara de sempre, feia, mas humana.
Lenda do Lobisomem II
As moças estavam sentadas em frente às suas casas na beira da praia. Era sexta-feira de lua cheia, e de repente, aparece uma “cachorrada” latindo. Todas se levantam e saem correndo. A última moça a correr fica com o vestido preso a porta e é quando o lobisomem arranca um pedaço do vestido. Outro dia quem apareceu com a boca cheia de fiapo foi Aspino Lobisomem.
Fonte: Clementina Viana (moradora do bairro Passagem)
Lenda do Lobisomem III
Existia em Búzios, um cara muito amarelo que diziam que era lobisomem. Uma noite, enquanto todos dormiam, o cachorro começou a latir no quintal, e a a mãe de dona Oswaldina falou: "Esse que passou aí no quintal é o lobisomem”.Então, no outro dia, quando passou pelo homem na rua, ele não falou com ela. Então disse para os filhos: -“Ta vendo esse aí, é o lobisomem que estava latindo no quintal ontem a noite". Tinha comido todo o peixe e ele nunca mais falou com a mãe de dona Oswaldina.
Fonte: Dona Oswaldina (nascida em Búzios onde ocorreu o episódio
Lenda do lobisomem IV
- “Eu tinha um cachorro preto. Certo dia encontrei um lobisomem na praia de Manguinhos. Se eu não estou com o - cachorro eu morria. O Lobisomem deu atrás de mim e o cachorro atrás dele. Dizem que se o cachorro morrer, o lobisomem desencanta. Então ele foi embora. Dizem que era o filho de Pedro de Dino, que morava em saco fora”.
Fonte: Domingos Tardelli (morador de Manguinhos)