Convento de Nossa Senhora dos Anjos e Capela Nossa Senhora da Guia

São várias edificações de caráter religioso construídas no sopé e no topo de uma colina sagrada desde a pré-história até nossos dias, que se situam no centro da Cidade de Cabo Frio. Os índios Tupinambá veneravam as grandes rochas sulcadas existentes no atual morro da Guia (antigo Itajuru - pedras com bocas em Tupi-guarani). Diziam que, se fossem quebradas ou roubadas, eles também desapareceriam da face da terra. Estas pedras sulcadas eram os heróis-feiticeiros Tupinambá que se transformavam em estrelas após a Morte e retornavam a terra para serem venerados por toda a humanidade. A princípio, o sol colocou um macaco guariba como guardião do Itajuru, mas, depois, a lua enojada, substituiu pelos índios Tupinambá.

Antes da conquista portuguesa, um feiticeiro branco chegou a Cabo Frio e passou a ensinar aos Tupinambá. Porém, os índios se revoltaram e encurralaram o herói no Itajuru. Daí, saltou de uma grande pedra em direção ao mar, imprimindo a marca do pé na rocha. A medida que avançava na fuga, atrás de si foi sendo criada a restinga de Cabo Frio. Logo após a refundação da cidade de Cabo Frio em 1616 , o sopé do Itajuru foi ocupado pelas roças do padre Machado. No ano seguinte, os moradores já pediam ao capitão-mor que levantasse uma casa de recolhimento e noviciado neste sitio sagrado, mas não foram atendidos. Apenas em 1684, os religiosos franciscanos despacharam dois frades para Cabo Frio, com o objetivo de reunir material de construção e tentar levantar o convento. No ano seguinte, chegou a ordem franciscana para início da edificação, justificada por duas razoes: o constante apelo dos moradores e a doação anual de 25 bois para manutenção dos religiosos.

A pedra fundamental foi colocada em 1686 e a inauguração do Convento de Nossa Senhora dos Anjos deu-se em 1696, passando a abrigar 14 religiosos dedicados a missas, orações e canto coral. O edifício foi construído em "pedra e cal" tendo a planta retangular com pequeno claustro no centro, para onde se abriria uma varanda. Em 1920, a liberação do sequestro aos bens dos franciscanos que fora imposto pelo governo brasileiro, fez com que o Provincial vendesse "todo o terreno do morro e a capela da Guia" ao último sindico Dr. Ciro Gomes. Os religiosos continuaram proprietários do convento, enquanto o comprador assumiu algumas restrições relativas a construção de prédios na testada e nas laterais do imóvel.

Em 1937, a SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombou o Convento, a Igreja e o Cruzeiro, iniciando a restauração da Igreja 11 anos depois, e que, mais tarde, foi estendida ao Convento. Em 1958, a SHPAN também tombou a Capela N. Sra. Guia (que foi restaurada), a Igreja e o Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco. A proteção federal alcançou ainda o adro e toda área livre em frente e atrás do convento, incluindo o largo de Santo Antônio e o morro da Guia, com faixa de proteção situada no entorno da planície de 100m. Em 1968, a SPHAN assinou convenio com a Mitra Diocesiana de Niterói para instalar o Museu de Arte Religiosa e Tradicional no Convento, tendo validade por um período de 50 anos. Ainda em 1968, a administração do Prefeito Hermes Barcelos urbanizou o largo Santo Antônio e realizou obras viárias no adro do convento. Três anos depois a administração do Prefeito Otime dos Santos comprou o morro do Itajuru e a Capela de N . Sra. da Guia, com o objetivo de reintegra-los ao patrimônio público e melhor conservá-los. Em 1980, a primeira administração do Prefeito José Bonifácio Ferreira Novellino elaborou e enviou a Lei de Zoneamento e Parcelamento a Câmara Municipal. A legislação foi aprovada e considerou o Morro da Guia e o conjunto arquitetônico do Convento de N. Sra. dos Anjos como patrimônios culturais de Cabo Frio. Nesta área, o uso do solo após receber parecer favorável da SPHAN — passou a ser submetido ao exame e a aprovação do CMDU —Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano.Em 1981, a referida administração municipal reformou a capela de N. Sra. da Guia, iluminou sua fachada e plantou um bosque na baixada entre o convento e o acesso à Ponte Feliciano Sodré.