Igreja de Nossa Senhora de Assunção

A Cidade de Santa Helena do Cabo Frio e a Fortaleza de Santo Inácio foram fundadas pelo Governador do Rio de Janeiro, Constantino Menelau, na barra da Lagoa de Araruama, em 1615. Tratava-se de uma típica cidade para inglês ver, pois constava apenas da fortaleza armada com sete canhões de bronze e a guarnição de 12 soldados. Em 1616, Estevão Gomes foi nomeado capitão-mor da nova povoação portuguesa, mudando sua sede para a localidade da Passagem e a rebatizando como Cidade de Nossa Senhora de Assunção do Cabo Frio. Alguns poucos historiadores supõem ter existido uma capela em louvor da padroeira, embora não apresentem evidencias que comprovem essa hipótese.

A partir de 1660, por causas externas e internas, a sede da Cidade de Nossa Senhora de Assunção do Cabo Frio foi transferida da Passagem para o atual centro urbano, localizado junto a segunda seção do Canal do Itajuru, entre o topo de um cordão de dunas e o areal da restinga que caia suavemente até a margem da Lagoa.

As principais causas internas responsáveis pela mudança da sede foram o alagamento sistemático do antigo sitio da cidade pelas marés de sizígia e a enorme distância que se encontrava da água potável da Fonte do Itajuru. Na parte mais alta da duna, de frente para o canal começou a erguer-se a Igreja de Nossa Senhora de Assunção, dominando o Largo da Matriz (futura Praça Porto Rocha), onde, a direita, foi posto o Pelourinho - símbolo da justiça colonial. A esquerda do templo, próximo ao canal, foi aberta a Rua Direita (atual Érico Coelho) em direção ao Morro do Itajurú e paralela a lagoa, onde levantou-se o sobrado da Câmara e da Cadeia na esquina do largo.

A Igreja de Nossa Senhora de Assunção foi construída em "pedra e cal" e inaugurada com missa do Vigário Bento de Figueiredo, em 1666. No altar-mor já se achava a belíssima imagem da padroeira de Cabo Frio, esculpida em madeira-de-lei e trazida de Lisboa em meados do Século XVII. Desde então, Nossa Senhora de Assunção tornou-se a devoção dos habitantes da Cidade, que a festejam no dia 15 de agosto.

Em 24 de setembro de 1721, o pescador Domingos André Ribeiro achou a imagem de Nossa Senhora da Assunção, de nogueira e com um palmo e três dedos de altura, numa grota litorânea da Ilha do Cabo Frio. Dez anos mais tarde, o Rei de Portugal atendeu o pedido dos moradores da Cidade através da solicitação feita pela Câmara Municipal, mandando construir a capela e o artístico altar em louvor a Virgem Aparecida, situado a direita de quem entra na Igreja de Nossa Senhora. de Assunção. Na primeira metade do século XVIII, ainda, o Rei de Portugal através do Governador do Rio de Janeiro e atendendo outro apelo da Câmara Municipal, mandou reformar o telhado e uma das portas da Matriz que estavam em ruínas. O engenheiro encarregado das obras impressionou-se com a pobreza e a falta de ornamentos da Igreja, “que mais parecia uma casa de esgrima do que um templo “. Com o objetivo de remediar a situação, o Rei de Portugal autorizou o envio dos paramentos exigidos Del o ritual romano, mandou fabricar o retábulo e o trono do altar—mor e comprou dois sinos para a torre.

A fama dos milagres atribuídos a Virgem Aparecida correu rápida e o dia do encontro da imagem passou a ser festejado pela população de Cabo Frio. Caravanas de romeiros enchiam a Cidade, não faltando mesmo os arraiais em torno da Matriz, onde se improvisavam bailados ao som dos instrumentos mais variados. A Capela de Nossa Senhora da Conceição foi ficando repleta por uma infinidade de ex—votos, que ocuparam totalmente suas paredes. Eram moldes de cera das partes do corpo doentes ou feridas, painéis e quadros que comoviam pela graça alcançada, em especial, de navegantes salvos da fúria do mar.

Desde o século XVII até o início do XIX, os cristãos mortos eram enterrados na nave principal da Igreja Matriz de Cabo Frio. Porém, com a proibição imperial deste tipo de sepultamento em função das pestes epidêmicas que se espalhavam pelo pais, os funerais começavam a se realizar em frente e do lado da Igreja. A solução provisória não agradava a maioria que exigia a construção de um campo/santo, mas muitas cenas dantescas se repetiram, como o exemplo de cães escavando e carregando ossos humanos a frente das procissões, até que se inaugurasse o cemitério de Santa Izabel, no final do Século XIX.